domingo, 19 de junho de 2011

Métodos, Escolas... Professores.

O conhecimento da dança só virá após ter praticado com o seu corpo, ossos e músculos num trabalho diário de anos, onde a teoria é apenas um complemento, válido para aprender a utilizar seu corpo. Eu diria que não existem métodos ou escolas ruins, existem sim mestres e professores medíocres, que mesmo formados e com bom conhecimento, deixam a desejar e muito na hora de ensinar.
Penso que cada país, dependendo do método escolhido deveria adaptá-lo ao temperamento, clima e tipo físico e fazer as necessárias mudanças para um melhor rendimento. Um exemplo disso foi George Balanchine que ao se mudar para os Estados Unidos, adaptou a escola russa ás necessidades americanas, longas pernas, quadris estreitos, tendão de Aquiles curto, por isso no demi plié os calcanhares saem do chão, arabesque quase a seconde, braços acima do normal para valorizar as pernas compridas e bailarinas altas. Na escola Inglesa se enalteceu a graça e a dança aparentando ser fácil, para substituir a falta de temperamento e bravura. Acho que hoje, a grande escola é a francesa, com físicos impecáveis, escola caracterizada pela precisão de movimentos uniformes e graciosos em todos os bailarinos, mais como nada é perfeito sempre convidam os russos para injetar o fogo que falta na dança francesa.

Na dança clássica, a Rússia mantém até hoje a tradição do ballet - o que se deve em grande parte durante o regime soviético, onde as fronteiras foram fechadas e o intercâmbio e as viagens das companhias foram proibidas. Assim, quando as fronteiras foram abertas com a mudança do regime, o que o resto do mundo viu foram bailarinos poderosos com cheiro de bolor, que aos poucos a Cia do teatro Marinsky foi os levando, apresentando-os novos figurinos e tipos físicos sem perder seu potencial artístico, principalmente nos ballets de repertório que apesar dos exageros dos braços e das linhas duvidosas das pernas, continua comovente no que se refere à paixão com que dançam.

Existem outras escolas principalmente a dinamarquesa criada por Bournonville que prima pelo acabamento apesar dos braços muitas vezes estáticos com um grande destaque para a dança masculina de onde surgiram até hoje grandes bailarinos.

Graças a Alicia Alonso, amiga de Fidel Castro foi possível criar a escola cubana com o seu apoio e o grande senso de liderança de Alicia que até hoje, mesmo sem a visão e a mobilidade é a grande inspiradora da dança no seu país e no mundo. Na América do Sul, Brasil e Argentina já tem grandes bailarinos de destaque no mundo inteiro mais seja por falta de interesse dos seus governantes ou apoio a cultura não existe reconhecimento dessas escolas, mas entre os grandes mestres mundialmente conhecidos temos muitos sul americanos porque souberam adaptar as grandes escolas ao nosso temperamento, sem ficarem presos a um único método copiados dos livros de dança. Mas uma coisa é certa, é preciso conservar a tradição cuidando para não cair no ultrapassado.

João Rodrigues

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