quarta-feira, 18 de maio de 2011

Carta aos Jovens Bailarinos

Vivemos numa cidade caótica, como tantas outras pelo Brasil e no mundo, e insistimos com nossos alunos para que, cheguem cedo às aulas, se aqueçam para evitar futuras lesões, serem educados, disciplinados, e acima de tudo persistentes, já que escolheram a arte da paciência, e da repetição inúmeras vezes procurando a tão sonhada perfeição, que jamais atingirão, porque ela não é permitida aos humanos; e mesmo que conseguissem a tão sonhada meta, os bens materiais nunca estariam a altura dos sacrifícios feitos.
Os exemplos que estes estudantes e profissionais recebem nas ruas são péssimos: motoristas com evidências de alienação, que só faltam passar por cima dos pedestres, ou carros acelerando desenfreadamente para impedir a ultrapassagem. Esses conceitos acontecem em minha mente, porque dançar é o resultado de um estado de alma muito especial, e só conseguiremos resultados quando a educação e a cultura estejam caminhando por vias paralelas, quando o interesse das grandes empresas e o governo sem as suas burocracias procurem resultados a curto e médio prazo, já que não adianta falar em inflação zero na economia mundial, quando as classes baixas e médias sentem na pele a diminuição enorme do seu poder aquisitivo, e são obrigadas a desistir dos seus sonhos, quando algumas décadas passadas tudo era possível e eu que vos escreve sou testemunho de tudo isto. É preciso não se acomodar e lutar pelo que acreditamos: aperte o queixo e vão em frente!
 Ismael Guiser (1927 - 2008)

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